Uma volta às nuvens privadas

As empresas que estão lidando com custos elevados de serviços em nuvem estão reconsiderando onde suas operações devem ser armazenadas, e estão pensando em trazer de volta para um data center próprio.

Tenho estado dedicando meu tempo a estudar nuvens privadas. Embora não esteja realizando muitas atividades práticas nesse ambiente, tenho me dedicado a escrever e desenvolver cursos sobre o assunto. Como você pode se lembrar, há algum tempo atrás, as nuvens privadas eram o centro das atenções para a maioria das empresas. Elas queriam manter seus dados e processos sob controle direto, sem abrir mão da ideia de migrar para “a nuvem”. Por isso, optaram por hospedar suas cargas de trabalho em diferentes sistemas operacionais de nuvem privada disponíveis na época, alguns proprietários e outros de código aberto.
Minha preocupação com os serviços de nuvem privada é que eles oferecem apenas uma pequena melhoria em relação à hospedagem convencional no local. Ainda é necessário possuir o hardware, bem como realizar sua manutenção e atualizações, então qual seria a vantagem principal?
Aqueles que apoiavam as nuvens privadas anteriormente e atualmente argumentariam que elas reproduzem várias das vantagens das nuvens públicas, como a disponibilização de recursos conforme necessidade, auto-escalabilidade e possivelmente uma maior eficiência, porém com o hardware que você possui e controla. Algumas dessas afirmações são válidas, mas os testes que realizei na época apresentaram resultados diversos.
Apesar de não descartar nenhuma plataforma, as nuvens privadas não se mostraram a opção ideal para diversas empresas. Os provedores de nuvem pública apresentam uma série de benefícios adicionais, principalmente quando se considera a evolução da tecnologia como um todo.
Renovado interesse em soluções de nuvem privada.
Há dois fatores que podem impactar as nuvens privadas: a estabilidade ou aumento dos preços na nuvem pública e a redução significativa nos preços de equipamentos de data centers, levando muitas empresas a reconsiderarem o uso de nuvens privadas.
Por exemplo, considere o OpenStack, que é o software de código aberto mais popular para implementar nuvens privadas. Mesmo com muitas empresas migrando para nuvens públicas, o OpenStack ainda está ativo. O projeto open source responsável pelo OpenStack continua lançando novas versões regularmente e recebe contribuições de código de várias empresas e indivíduos.
O OpenStack agora depende inteiramente do Kubernetes. Isso implica que o Kubernetes atua como o principal sistema de orquestração do OpenStack, tornando a plataforma “pronta para contêineres”. Com essa integração, o OpenStack pode suportar máquinas virtuais e aplicativos baseados em microserviços em contêineres, tornando-o nativo da nuvem. Este requisito é atendido.
Por que escolher nuvens privadas? Por que é o momento certo para isso?
Além do custo elevado do hardware e das nuvens públicas, existem outras razões que explicam o crescente interesse nas nuvens privadas. Um exemplo disso é…
- A arquitetura multicloud está se tornando cada vez mais popular. As empresas podem optar por utilizar nuvens privadas juntamente com ambientes de nuvem pública.
- A movimentação de cargas de trabalho de volta para os data centers das empresas, conhecida como repatriação em nuvem, aumenta a probabilidade de adotar a nuvem privada.
- Plataformas de nuvem privadas estão mais fáceis de usar do que costumavam ser. Antes, quando eu utilizei OpenStack há algum tempo, era complicado, parecia um projeto de engenharia. No entanto, desde então, muitas melhorias foram feitas, tornando as distribuições mais simples e atraentes para diversas organizações.
- Os provedores como Red Hat, Canonical e Mirantis seguem dando suporte às nuvens privadas, o que sugere que ainda há demanda no mercado para esse tipo de serviço.
- Os principais fornecedores de serviços de nuvem pública estão disponibilizando versões reduzidas de suas plataformas, chamadas de nuvens privadas ou “microclouds”, que funcionam em conjunto com os serviços de nuvem pública em uma configuração híbrida. Exemplos incluem o Outpost da AWS e o Stack da Microsoft.
É evidente que não é tão simples quanto parece.
Nenhuma tecnologia é garantia de sucesso absoluto, pois as circunstâncias e as necessidades do negócio estão sempre evoluindo. Fico surpreso ao ouvir declarações como “Somos totalmente a favor da computação em nuvem pública” ou “Nunca iremos adotar a nuvem pública”. Ambas as posturas são inadequadas.
As empresas precisam compreender suas necessidades e selecionar o conjunto adequado de soluções que traga o maior benefício para o negócio. Os arquitetos de nuvem ainda continuam cometendo esse equívoco, o que pode ser comparado a um disco quebrado.
Você deve avaliar as vantagens da solução tecnológica não apenas no presente, mas também no futuro. Embora as nuvens privadas possam ser mais econômicas atualmente, talvez não sejam a opção mais adequada a longo prazo. Em razão de que a maioria das inovações, como a inteligência artificial generativa, estão ocorrendo em provedores de nuvem pública. Talvez seja o momento de investir um pouco mais e optar por essa alternativa.
Por outro lado, alguns aplicativos e conjuntos de dados podem ser mais econômicos e ter um desempenho superior em plataformas locais. É importante avaliar todas as plataformas disponíveis, inclusive as nuvens privadas, antes de tomar uma decisão.