A Oracle está competindo com a AWS e a Snowflake com as atualizações de seu Autonomous Data Warehouse.

As mudanças apresentam uma redução de 75% nos custos de armazenamento, a introdução de um novo Data Studio de baixa complexidade e a implementação do protocolo de compartilhamento Delta Sharing, desenvolvido em código aberto pela Databricks e Apache Iceberg.

A Oracle planeja reduzir os preços do armazenamento e implementar melhorias significativas no seu serviço de armazenamento de dados em nuvem, o Oracle Autonomous Data Warehouse. Essas medidas visam competir de forma mais eficaz com serviços similares oferecidos por Amazon Web Services (AWS), Microsoft, Google e Snowflake.
As melhorias no Oracle Autonomous Data Warehouse, divulgadas na última quarta-feira, serão acessíveis tanto na nuvem pública da Oracle quanto no local por meio do Oracle Cloud@Customer. Entre as novidades estão a diminuição de 75% nos custos de armazenamento, a incorporação de novos formatos de arquivo de dados como o Apache Iceberg, a introdução de um novo Data Studio com programação simplificada e a adoção do protocolo Delta Sharing de código aberto desenvolvido pela Databricks.
As melhorias serão oferecidas gratuitamente aos usuários do Oracle Autonomous Data Warehouse e estão programadas para serem lançadas até o final do terceiro trimestre, conforme explicou Patrick Wheeler, vice-presidente de gerenciamento de produtos na área de banco de dados da Oracle.
“Estamos diminuindo o valor do armazenamento independente do armazém de dados, conhecido como armazenamento Exadata. O custo será reduzido de $118 para $25 por terabyte mensalmente. Essa nova tarifa equivale ao preço do armazenamento de objetos”, afirmou Wheeler.
Reduzir o custo do armazenamento torna mais fácil adotar a tecnologia.
A Oracle está eliminando uma vantagem que os lagos de dados costumam ter sobre os armazéns de dados ao diminuir o custo de armazenamento em seu próprio armazém de dados, de acordo com Holger Mueller, analista principal da Constellation Research.
De acordo com o analista líder do dbInsights Tony Baer, as empresas provavelmente não transferirão todos os seus dados dos lagos de dados para os armazéns de dados por completo. Em vez disso, a estratégia será prolongar o uso dos clientes Autonomous Data Warehouse para manter os dados locais por períodos mais longos.
A alteração de preços representa um desafio para os concorrentes de grande escala, como AWS, Microsoft e Google Cloud.
De acordo com o analista-chefe da Omdia, Bradley Shimmin, a Oracle tem como principal objetivo competir com os concorrentes de grande escala na nuvem, eliminando o custo como um obstáculo para adotar o Autonomous Data Warehouse ou migrar de uma solução concorrente, como o AWS RedShift.
Shimmin complementou que a Oracle está buscando proporcionar um desempenho superior a custos operacionais mais baixos por meio de velocidade e automação, com a redução de preços e a suposta melhoria de 20% no hardware Exadata.
Maximizando a eficiência dos gastos na computação em nuvem.
A redução de preços da Oracle pode ser uma resposta ao desejo das empresas de reduzir os custos de computação em nuvem, conforme apontado por Doug Henschen, analista líder da Constellation Research.
Henschen afirmou que o objetivo da Oracle é atrair mais clientes, de forma direta. Ele também mencionou que o custo do armazenamento aumenta à medida que mais dados são armazenados na nuvem.
Segundo o analista-chefe da Amalgam Insights, Hyoun Park, o cenário financeiro atual provavelmente exigirá que os CFOs expliquem a necessidade de “qualquer investimento em tecnologia que possa levar a uma economia de milhões de dólares, ao mesmo tempo em que mantêm as operações essenciais funcionando.”
Segundo Park, os provedores de armazenamento de dados que reduzem os custos estão desafiando o modelo mais caro do Snowflake, devido às preocupações com a gestão de despesas e para incentivar as empresas a migrarem de serviços mais caros.
A implementação do protocolo Delta Sharing tem como meta a plataforma Snowflake.
A implementação do protocolo Delta Sharing da Databricks da Oracle é uma etapa crucial nas melhorias do seu Armazém de Dados Autônomo. Segundo Wheeler da Oracle, a adoção do protocolo visa prevenir restrições de fornecedores para a troca de dados e solucionar questões relacionadas à segurança, controle de versão e gestão de acesso aos conjuntos de dados.
De acordo com a empresa, com essa nova abordagem, os clientes podem agora compartilhar informações de forma segura com qualquer pessoa que utilize um aplicativo ou serviço compatível com o protocolo.
Os analistas sugerem que a Oracle tenha optado por adotar o protocolo devido à sua ampla aceitação e para competir com os produtos da Snowflake.
Apesar de ainda não ser um protocolo padrão, a Databricks’ Delta Share está ganhando popularidade entre profissionais de dados e análise como uma maneira segura de transferir dados entre aplicativos hospedados em diferentes plataformas de nuvem sem a necessidade de replicação, conforme afirmou Shimmin da Omnia.
O protocolo pode ser usado como uma forma de medir as capacidades de compartilhamento entre diferentes fontes de dados dentro da plataforma Snowflake, que se limitam a um protocolo exclusivo que abrange apenas outras fontes de dados da Snowflake.
Segundo Park, da Amalgam Insights, outros fornecedores de dados importantes estão buscando se tornar mais acessíveis, flexíveis e valiosos, devido ao êxito do Snowflake por sua facilidade de uso e construção nativa na nuvem.
A Oracle tem mostrado constância em implementar o protocolo em suas soluções, de acordo com o que dbInsights’ Baer mencionou, referindo-se ao suporte previamente anunciado para Delta Sharing no MySQL HeatWave.
O Estúdio de Dados do Oracle Autonomous Data Warehouse é uma plataforma de baixo código.
A inclusão do Data Studio da Oracle no Autonomous Data Warehouse facilitará o carregamento, transformação e análise de dados para cientistas, analistas e usuários de negócios. Wheeler mencionou que o Data Studio utiliza uma interface de arrastar e soltar comum em plataformas de baixo código.
De acordo com especialistas, o Oracle Data Studio no Autonomous Data Warehouse concorre com serviços semelhantes oferecidos pela Amazon DataZone e pelo Google Dataplex, conforme os provedores buscam atender às necessidades das empresas por análises de autoatendimento.
“O Oracle oferece mais de 100 conectores prontos no Data Studio que facilitam a análise, preparação e integração de dados no armazém de dados sem depender da equipe de TI. Isso é especialmente vantajoso para os cientistas de dados, que costumam perder tempo obtendo acesso e manipulando diversas fontes de dados. Qualquer ferramenta que agilize essas tarefas seria valorizada por esses profissionais corporativos”, afirmou Shimmin.
Uma extensão do Google Sheets está incluída no Oracle Autonomous Data Warehouse, juntamente com a extensão já existente para o Microsoft Excel, conforme informado pela empresa.
As novidades do Oracle trazem funcionalidades para múltiplas nuvens.
Outras melhorias para o Autonomous Data Warehouse da Oracle foram implementadas, como a inclusão de novas fontes de dados, formatos de arquivos, notificações para Microsoft Teams, catálogo de dados e a capacidade de consultar diretamente o Google BigQuery. Wheeler explicou que essas atualizações visam adicionar funcionalidades multicloud ao sistema.
Os analistas afirmaram que a Oracle optou por permitir consultas de tabelas Apache Iceberg no armazém de dados devido à popularidade em ascensão desse formato de arquivo de dados.
Segundo Henschen, as organizações estão buscando o formato de tabela Iceberg porque garante a acessibilidade de seus dados a longo prazo, seguindo padrões abertos ao invés de ficarem presos em formatos proprietários de banco de dados. As empresas desejam que suas plataformas de dados analíticos na nuvem sejam também “lakehouses”, capazes de armazenar e suportar a reutilização de dados semiestruturados e não estruturados.
A inclusão de suporte ao Apache Iceberg também visa atender aos usuários da AWS, de acordo com Shimmin, que mencionou que os clientes da AWS estão adotando o Iceberg para diminuir suas despesas com armazenamento de dados.
Adicionalmente, a Oracle combinou seu banco de dados com o AWS Glue da Amazon para possibilitar aos usuários a recuperação automática do esquema do lago de dados e dos metadados.
Parceria entre Oracle e AWS.
Apesar de a integração poder ser vista como uma forma de atrair usuários da Glue, Shimmin considera que ela representa mais um passo na parceria entre a Oracle e a AWS rumo à colaboração.
Shimmin mencionou que a Oracle tem como objetivo a longo prazo integrar a Glue para desenvolver um serviço de interconexão em nuvem, similar ao que foi feito pela Microsoft. Isso possibilitaria que os usuários da AWS pudessem acessar e controlar o Autonomous Data Warehouse diretamente da AWS através de uma única interface, por exemplo.
De acordo com especialistas, as recentes atualizações feitas no armazém de dados da Oracle visam colocar a empresa em posição de concorrer de forma mais efetiva com seus principais rivais, como Snowflake e Google BigQuery.
Com a recente atualização, a Oracle lançou sua solução em resposta ao Google BigQuery Omni, que possibilita a consulta de dados em AWS ou Azure e a transferência dos resultados para o armazém de dados BigQuery no Google. O serviço principal de Armazém de Dados Autônomo opera na Oracle Cloud Infrastructure (OCI) e está em processo de expansão para permitir consultas de dados em AWS, Azure e outros ambientes, conforme mencionado por Henschen.
Outras competições do data warehouse são Snowflake, Microsoft Synapse e Amazon Redshift.